
O Setor Farmacêutico
O setor farmacêutico da América Latina cresceu significativamente na última década, com taxa de crescimento anual composta de vendas de 7,5% entre 2010 e 2016, de acordo com a The Economist Intelligence Unit. Esse crescimento é devido principalmente a um aumento na expectativa de vida, crescimento populacional, padrões mais altos de assistência médica, desenvolvimento de novos produtos e tratamentos e adoção de grandes campanhas governamentais para prevenção e cuidados de prevenção.
O setor farmacêutico compreende pesquisa e desenvolvimento, fabricação, produção, comercialização e venda de produtos químicos e/ou terapêuticos para o tratamento e prevenção de doenças. Estima-se que o setor farmacêutico tenha alcançado US$1,2 trilhões em vendas no mundo em 2016, de acordo com IMS Health Incorporated, dos quais 30% foram gerados nos chamados “mercados farmacêuticos emergentes”, países em desenvolvimento onde o uso de produtos farmacêuticos está crescendo mais rapidamente, conforme definição dada pela IMS Health Incorporated.
Espera-se que o mercado latino-americano tenha uma taxa de crescimento anual composta em vendas de 9,3% de 2016 a 2020, a maior taxa composta.
A América Latina é uma das regiões em que a idade média da população está crescendo com maior rapidez: espera-se que mais de 20% da população tenha mais de 65 anos em 2050, de acordo com o Departamento de Economia e Assuntos Sociais da Organização das Nações Unidas, em 2015.
As despesas com saúde na América Latina foram historicamente menores que em países desenvolvidos. No entanto, tal região já dispende uma maior parcela do PIB com saúde do que a Ásia, de acordo com a The Economist Intelligence Unit. Conforme a economia desenvolve-se e a expectativa de vida aumenta, espera-se que aumentem as despesas com remédios mais caros para o tratamento de doenças complexas, tais como câncer e doenças degenerativas, enquanto despesas com remédios no tratamento de doenças como diarreia, tuberculose e outras típicas de países em desenvolvimento tendam a diminuir.
Gastos de saúde da América Latina
(USA / per Capital)
2008 | 2011 | 2014 | 2017E | 2017/2008 | |
Argentina | 694 | 899 | 903 | 949 | 1.4x |
Brasil | 735 | 1,142 | 1,168 | 1,388 | 1,9x |
Colômbia | 369 | 538 | 631 | 734 | 2.0x |
México | 587 | 672 | 866 | 1,057 | 1.8x |
Chile | 761 | 1,107 | 1,330 | 1,656 | 2.2x |
Segmentos de Produto
A indústria farmacêutica pode ser dividida em diferentes segmentos de produto, de acordo com a ANVISA e IMS Health Incorporated, alguns deles estão indicados abaixo.
- Medicamentos com nome de marca: consiste em medicamentos sob a proteção de patentes; consequentemente, a empresa farmacêutica que detém a patente é capaz de auferir lucros sem concorrência;
- Medicamentos genéricos de marca: consistem de drogas que não são mais protegidas por patentes, mas beneficiam-se de uma marca forte, que serve como barreira para a entrada de medicamentos genéricos de concorrentes. Isso é típico no segmento de varejo e em mercados emergentes, onde branding forte pode ser visto como um substituto de qualidade e pode, portanto, ser mais importante para clientes do que preço;
- Medicamentos genéricos: consistem de medicamentos para os quais a patente já expirou (normalmente depois de um período de 20 anos); qualquer empresa farmacêutica é capaz de começar a produzir o medicamento e promover competição de mercado.
Medicamentos Especializados
De acordo com a análise de um levantamento de mercado da indústria de 2011 da IMS Health Incorporated, medicamentos especializados são medicamentos que (1) tratam quadros complexos, crônicos e/ou que ameaçam a vida e que (2) têm custo alto per unidade. Além disso, eles podem (3) exigir armazenagem, manuseio e ingestão ou aplicação especial e (4) envolvem um grau significativo de educação, monitoração do paciente, e administração.
Quando comparadas com empresas farmacêuticas tradicionais, empresas farmacêuticas especializadas tendem a ter maior poder de precificação; portanto, elas gozam de margens maiores, devido à natureza dos seus medicamentos. Esse poder de precificação permitiu que as despesas totais para medicamentos especializados aumentassem nos últimos dez anos, quando comparadas com medicamentos tradicionais (tanto para produtos de marca própria quanto para produtos genéricos).
Pesquisa e Desenvolvimento
A indústria farmacêutica tem sido tradicionalmente caracterizada por extensa pesquisa e desenvolvimento. No entanto, de acordo com a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (U.S. Food and Drug Administration, ou FDA), o órgão federal responsável pela saúde pública, de 1998 a 2010, a produtividade de pesquisa e desenvolvimento (conforme medida pelo número de novas entidades moleculares aprovadas pela FDA por bilhões de dólares investidos) caiu em 40%. Essa queda sugere que o modelo de negócios verticalmente integrado, no qual grandes empresas farmacêuticas controlam todos os passos da cadeia de valor desde a descoberta de produtos até distribuição e vendas em todo o mundo, gerando menores retornos sobre o capital investido, não é sustentável.
Depois do declínio do modelo de negócio farmacêutico verticalmente integrado, as empresas direcionaram-se para uma abordagem decentralizada de ciência aberta, na qual novas empresas, sociedade de capital de risco de biotecnologia, centros de pesquisa de universidades e outros participantes firmaram parcerias com empresas farmacêuticas compartilhar os riscos e recompensas de desenvolver novos medicamentos. Consequentemente, a origem de novas entidades moleculares mudou de sociedades farmacêuticas globais para empresas menores.
Comparadas com empresas farmacêuticas tradicionais, sociedades de ciência aberta tendem a gastar um menor percentual das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento através de parcerias, permitindo às mesmas concentrarem-se em outros aspectos chave da cadeia de valor.
Apesar de as empresas farmacêuticas especializadas reduzirem as despesas de pesquisa e desenvolvimento interno, de 2010 a 2014, investimentos de capital de risco em startups de biotecnologia aumentaram em mais de 60%.
Canais de Vendas
Para especialidades farmacêuticas dentro do negócio de varejo, o principal tomador de decisões é o médico, que prescreve produtos com base em uma variedade de fatores, inclusive o relacionamento com e a confiança no representante médico, informações científicas e a força da marca. Diferente da venda de medicamentos farmacêuticos tradicionais, a venda de drogas farmacêuticas especializadas, normalmente exige uma força de vendas especializada com profissionais treinados e experientes que se concentram em um número limitado de classes terapêuticas, conforme eles possam ser capazes de conduzir discussões de alto nível com médicos e representantes.
A venda de drogas em países diferentes exige um entendimento profundo dos regulamentos locais, que podem variar de forma substancial. Para superar essa falta de conhecimento e alcançar maior penetração em todos os mercados globais, as empresas farmacêuticas internacionais geralmente escolhem parceiros em regiões estratégicas para alavancar suas equipes regulatórias, bem como seus canais de venda e distribuição. O mercado latino-americano é bem posicionado para beneficiar-se desta tendência.
Atualizado em 05/12/2019 às 06:35